O que são Distúrbios Alimentares?
São doenças psiquiátricas estando na sua origem a interacção de factores psicológicos, biológicos, familiares e socioculturais. Caracterizam-se, fundamentalmente por alterações significativas do comportamento alimentar.
Os distúrbios alimentares ocorrem predominantemente nos países industrializados, tendo uma incidência menor nos países pouco desenvolvidos e fora do mundo ocidental. Afectam sobretudo as mulheres jovens, aparecendo no homem apenas em cerca de 10 % dos casos. Dados como estes indicam que os distúrbios alimentares estão interligados a factores sócio-culturais. Existe um largo consenso entre investigadores e clínicos que isoladamente nenhum factor etiológico só por si é suficiente para explicar o desenvolvimento de um distúrbio alimentar ou contribui para explicar a variância entre a população clínica. A importância relativa das influências sócio-culturais, biológicas, psicológicas e familiares e a forma como interagem entre si pode ser diferente consoante o período de desenvolvimento da jovem, influenciando o aparecimento ou não do distúrbio alimentar e a sua cronicidade.
Sabe-se que não se deve a modas, mas que a pressão cultural para a magreza, a insatisfação e a preocupação com o peso podem contribuir, juntamente com outros factores, para um aumento da vulnerabilidade, que por sua vez pode levar á tomada de decisão de iniciar uma dieta. É pertinente referir que a dieta só por si não constitui uma condição suficiente para o desencadear de um distúrbio alimentar, mas é uma condição necessária, dado que não existem distúrbios alimentares sem dieta.
Dos vários distúrbios alimentares existentes destacamos a Anorexia Nervosa Tipo Restritivo ou Purgativo, a Bulimia Nervosa Tipo Purgativo ou não Purgativo e a Ingestão Compulsiva.
Distúrbios Alimentares nos Homens
Os distúrbios alimentares são raros e muitas vezes ignorados em homens, negligenciados devido à sua infrequência.
A porcentagem de casos de anorexia em indivíduos do sexo masculino é muito baixa. Cerca de apenas 8% dos doentes são homens. Na bulimia esse número sobe para 15%, e no transtorno da compulsão alimentar periódica ultrapassa 20% (mas alguns autores falam de até 40%). Mas essa distribuição se refere à classificação estrita dos distúrbios. Estudos austríacos concluíram que os homens correm mais risco de desenvolver distúrbios alimentares subclínicos ou atípicos.
As pesquisas apontam a obesidade ou o sobrepeso infantil como um dos mais presentes fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em homens, estando presente em cerca de 50% dos casos. Outro fator de risco, menos presente, é o homossexualismo, manifestado anteriormente ao distúrbio em cerca de 20% dos casos. Os grupos mais vulneráveis são as ocupações onde o peso e a forma corporal possuem um papel importante, como dançarinos, manequins, esportistas (jockers, corredores, nadadores, judocas, body-bilders)
Por outro lado, algumas condições especiais atuam como proteção contra esses distúrbios em homens. A puberdade se desenvolve mais tardiamente, proporcionando-os um maior tempo para o desenvolvimento de mecanismos intrapsíquicos e comportamentais de adaptação às mudanças pubertárias. Além disso, nesse período os homens têm sua massa muscular aumentada, e não o tecido adiposo, o que também aumenta o metabolismo. Há um papel protetor dos hormônios masculinos, pois a testosterona aumenta os níveis de atividade e agressividade. Finalmente, as pressões sociais para o emagrecimento são bem menos frequentes do que para as mulheres. Um estudo publicado no International Journal of Eating Disorders encontrou uma relação de 10:1 em anúncios sobre dietas e emagrecimento direcionados a mulheres e homens respectivamente.
Um distúrbio que vem sendo mais estudado em indivíduos do sexo masculino é a anorexia nervosa reversa ou dismorfia muscular. O paciente, nestes casos, se julga fraco e pequeno, mesmo quando apresenta na realidade um físico grande e musculoso, caracterizando um distúrbio da imagem corporal. Há uma preocupação exagerada com a dieta, rituais alimentares e exercício físico. Muitas vezes o quadro é associado ao abuso no consumo de anabolizantes androgênicos, o que acarreta riscos orgânicos, como: acne, tumores hepáticos, convulsões, intolerância à glicose, aumento de mau colesterol (LDL), diminuição do bom colesterol (HDL), atrofia testicular, ginecomastia, impotência sexual, parada cardíaca, além de quadros psiquiátricos, como psicoses, ansiedade, pânico, comportamento violento. Episódios depressivos podem ocorrer com a retirada das drogas.
De um modo geral, as manifestações clínicas são similares às ocorridas em mulheres. As poucas diferenças na sintomatologia são abordadas a seguir:
O homem com anorexia tem seu distúrbio normalmente iniciado um pouco mais cedo que a mulher, com perda de peso mais significativa e com antecedentes de sobrepeso em 1/3 dos casos. Metade dos pacientes apresentam crises de bulimia, e há uma maior tendência ao excesso no exercício físico. Acontecem modificações hormonais e sexuais: a queda dos níveis da testosterona diminui a libido e enfraquece o espermograma, e nem sempre é totalmente revertida na renutrição: 10 a 20% dos pacientes conservam anormalidades testiculares após o tratamento. O distúrbio se instala frequentemente após uma separação (morte, mudanças), o indivíduo é inseguro e pouco auto-confiante.
Os casos de bulimia são geralmente manifestados mais tardiamente do que em mulheres. Os homens se sentem menos culpados pelos excessos alimentares e pode até chegar a apresentar crises em público. O volume de alimentos ingerido é proporcionalmente maior, e os pacientes apresentam um menor grau de insatisfação corporal, com um peso ideal esperado mais elevado. Há uma maior prevalência no abuso de álcool e drogas, e menor consumo de laxantes, diuréticos e remédios para emagrecer.
As complicações médicas mais comuns são: problemas circulatórios decorrentes da desidratação na anorexia (que ocorre menos nas mulheres pois elas tem mais gordura corporal, o que as protege da desidratação), maior perda óssea e uma diminuição ou perda das funções sexuais (causados pea queda dos níveis da testosterona)
Os princípios básicos não mudam: educação nutricional para a restauração de um peso normal, normalização dos hábitos alimentares, abordagens psicológicas para corrigir os pensamentos relativos ao peso, dieta e forma física e aumentar a auto-estima, tratamento farmacológico se necessário, tratamento de doenças associadas ou decorrentes da desnutição, reintegração social.
A equipe deve ser multidisciplinar e os casos mais graves encaminhados para internação.
Sinais de uma evolução problemática são:
- uma longa duração do distúrbio;
- perda intensa de peso;
- atividade sexual reduzida ou ausente;
- relacionamento conflitante com os pais durante a infância.
Contrariamente, o aparecimento recente do distúrbio e uma atividade ou desejo sexual presente são sinais de uma boa evolução.
A porcentagem de casos de anorexia em indivíduos do sexo masculino é muito baixa. Cerca de apenas 8% dos doentes são homens. Na bulimia esse número sobe para 15%, e no transtorno da compulsão alimentar periódica ultrapassa 20% (mas alguns autores falam de até 40%). Mas essa distribuição se refere à classificação estrita dos distúrbios. Estudos austríacos concluíram que os homens correm mais risco de desenvolver distúrbios alimentares subclínicos ou atípicos.
As pesquisas apontam a obesidade ou o sobrepeso infantil como um dos mais presentes fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em homens, estando presente em cerca de 50% dos casos. Outro fator de risco, menos presente, é o homossexualismo, manifestado anteriormente ao distúrbio em cerca de 20% dos casos. Os grupos mais vulneráveis são as ocupações onde o peso e a forma corporal possuem um papel importante, como dançarinos, manequins, esportistas (jockers, corredores, nadadores, judocas, body-bilders)
Por outro lado, algumas condições especiais atuam como proteção contra esses distúrbios em homens. A puberdade se desenvolve mais tardiamente, proporcionando-os um maior tempo para o desenvolvimento de mecanismos intrapsíquicos e comportamentais de adaptação às mudanças pubertárias. Além disso, nesse período os homens têm sua massa muscular aumentada, e não o tecido adiposo, o que também aumenta o metabolismo. Há um papel protetor dos hormônios masculinos, pois a testosterona aumenta os níveis de atividade e agressividade. Finalmente, as pressões sociais para o emagrecimento são bem menos frequentes do que para as mulheres. Um estudo publicado no International Journal of Eating Disorders encontrou uma relação de 10:1 em anúncios sobre dietas e emagrecimento direcionados a mulheres e homens respectivamente.
Um distúrbio que vem sendo mais estudado em indivíduos do sexo masculino é a anorexia nervosa reversa ou dismorfia muscular. O paciente, nestes casos, se julga fraco e pequeno, mesmo quando apresenta na realidade um físico grande e musculoso, caracterizando um distúrbio da imagem corporal. Há uma preocupação exagerada com a dieta, rituais alimentares e exercício físico. Muitas vezes o quadro é associado ao abuso no consumo de anabolizantes androgênicos, o que acarreta riscos orgânicos, como: acne, tumores hepáticos, convulsões, intolerância à glicose, aumento de mau colesterol (LDL), diminuição do bom colesterol (HDL), atrofia testicular, ginecomastia, impotência sexual, parada cardíaca, além de quadros psiquiátricos, como psicoses, ansiedade, pânico, comportamento violento. Episódios depressivos podem ocorrer com a retirada das drogas.
De um modo geral, as manifestações clínicas são similares às ocorridas em mulheres. As poucas diferenças na sintomatologia são abordadas a seguir:
O homem com anorexia tem seu distúrbio normalmente iniciado um pouco mais cedo que a mulher, com perda de peso mais significativa e com antecedentes de sobrepeso em 1/3 dos casos. Metade dos pacientes apresentam crises de bulimia, e há uma maior tendência ao excesso no exercício físico. Acontecem modificações hormonais e sexuais: a queda dos níveis da testosterona diminui a libido e enfraquece o espermograma, e nem sempre é totalmente revertida na renutrição: 10 a 20% dos pacientes conservam anormalidades testiculares após o tratamento. O distúrbio se instala frequentemente após uma separação (morte, mudanças), o indivíduo é inseguro e pouco auto-confiante.
Os casos de bulimia são geralmente manifestados mais tardiamente do que em mulheres. Os homens se sentem menos culpados pelos excessos alimentares e pode até chegar a apresentar crises em público. O volume de alimentos ingerido é proporcionalmente maior, e os pacientes apresentam um menor grau de insatisfação corporal, com um peso ideal esperado mais elevado. Há uma maior prevalência no abuso de álcool e drogas, e menor consumo de laxantes, diuréticos e remédios para emagrecer.
As complicações médicas mais comuns são: problemas circulatórios decorrentes da desidratação na anorexia (que ocorre menos nas mulheres pois elas tem mais gordura corporal, o que as protege da desidratação), maior perda óssea e uma diminuição ou perda das funções sexuais (causados pea queda dos níveis da testosterona)
Os princípios básicos não mudam: educação nutricional para a restauração de um peso normal, normalização dos hábitos alimentares, abordagens psicológicas para corrigir os pensamentos relativos ao peso, dieta e forma física e aumentar a auto-estima, tratamento farmacológico se necessário, tratamento de doenças associadas ou decorrentes da desnutição, reintegração social.
A equipe deve ser multidisciplinar e os casos mais graves encaminhados para internação.
Sinais de uma evolução problemática são:
- uma longa duração do distúrbio;
- perda intensa de peso;
- atividade sexual reduzida ou ausente;
- relacionamento conflitante com os pais durante a infância.
Contrariamente, o aparecimento recente do distúrbio e uma atividade ou desejo sexual presente são sinais de uma boa evolução.
Não Confunda Bulimia Com Anorexia
A bulimia nervosa é um distúrbio alimentar associado à anorexia nervosa. A sua principal característica assenta no facto de a pessoa tender a alimentar-se em excesso e de uma forma compulsiva, durante um período de tempo (no mínimo duas horas) para, em seguida, compensar esta ingestão recorrendo a métodos inadequados, como é o caso do vómito. Não obstante a variedade do tipo de alimentos consumidos, em geral estão incluídos produtos com alto valor calórico, do género de gelados ou bolos.
Normalmente, os episódios de compulsão alimentar acontecem fora do alcance visual dos outros, dado que a vergonha é um sentimento omnipresente na vida de quem padece de bulimia. Deste modo, os bulímicos aproveitam a noite ou momentos de solidão para saciarem o seu “apetite” insaciável. Estas “vontades incontroláveis” são, por norma, desencadeadas por algo, interno ou externo, que é encarado como factor de stress. Sentimentos de tristeza, de depressão, fome veemente após algum tempo de restrição alimentar motivada por dieta (a bulimia pode alternar com períodos de anorexia), insatisfação com o peso ou a imagem, entre outros, são alguns exemplos. O que sucede é que a ingestão compulsiva reduz temporariamente este desconforto interior, mas a autocrítica e o humor deprimido surgem frequentemente passados poucos instantes. De salientar que este tipo de atitude/comportamento foge completamente ao controlo do doente.
Tal como na anorexia, o problema gira à volta da figura corporal. A principal obsessão é a balança. O espelho, esse ignóbil objecto, insiste em devolver um reflexo distorcido, invariavelmente obeso, disforme, o que estimula a luta para atingir um peso ideal. Existem dois subtipos de bulimia, que se distinguem pela presença ou não de métodos purgativos que compensem uma compulsão: o género purgativo, em que o bulímico auto-induz o vómito ou faz uso indevido de laxantes e/ou diuréticos, e o tipo sem purgação, em que não há recurso a estes expedientes, mas sim a jejuns ou exercício físico excessivo.
Normalmente, os episódios de compulsão alimentar acontecem fora do alcance visual dos outros, dado que a vergonha é um sentimento omnipresente na vida de quem padece de bulimia. Deste modo, os bulímicos aproveitam a noite ou momentos de solidão para saciarem o seu “apetite” insaciável. Estas “vontades incontroláveis” são, por norma, desencadeadas por algo, interno ou externo, que é encarado como factor de stress. Sentimentos de tristeza, de depressão, fome veemente após algum tempo de restrição alimentar motivada por dieta (a bulimia pode alternar com períodos de anorexia), insatisfação com o peso ou a imagem, entre outros, são alguns exemplos. O que sucede é que a ingestão compulsiva reduz temporariamente este desconforto interior, mas a autocrítica e o humor deprimido surgem frequentemente passados poucos instantes. De salientar que este tipo de atitude/comportamento foge completamente ao controlo do doente.
Tal como na anorexia, o problema gira à volta da figura corporal. A principal obsessão é a balança. O espelho, esse ignóbil objecto, insiste em devolver um reflexo distorcido, invariavelmente obeso, disforme, o que estimula a luta para atingir um peso ideal. Existem dois subtipos de bulimia, que se distinguem pela presença ou não de métodos purgativos que compensem uma compulsão: o género purgativo, em que o bulímico auto-induz o vómito ou faz uso indevido de laxantes e/ou diuréticos, e o tipo sem purgação, em que não há recurso a estes expedientes, mas sim a jejuns ou exercício físico excessivo.
Alguns dos possíveis sinais de alerta mais visíveis da bulimia incluem recusa ou evitamento em fazer as refeições em família ou em público, isolamento social, tristeza, irritabilidade, oscilações de humor, opção por roupas demasiado largas ou sobrepostas, perda progressiva de peso, concentração excessiva nos estudos ou trabalho em prejuízo de actividades lúdicas e idas à casa de banho imediatamente após as refeições. Outros sintomas, menos perceptíveis, englobam falta de período menstrual (amenorreia), interesse desmesurado por saber tudo acerca de calorias, valores nutritivos e tudo o que se relacione com nutrição, auto-mutilação, imagem deformada de si próprio e sentimentos de poder ao perder peso e de culpa ao comer.
Não se sabe ao certo o que está na génese da bulimia nervosa, podendo ser resultado da interacção de múltiplos agentes. O certo é que daí podem advir consequências como dores musculares, inflamações na garganta (por causa dos vómitos), cáries dentárias, desidratação e desnutrição, desmaios, osteoporose, vómitos com sangue e, no limite, a morte.
Não se sabe ao certo o que está na génese da bulimia nervosa, podendo ser resultado da interacção de múltiplos agentes. O certo é que daí podem advir consequências como dores musculares, inflamações na garganta (por causa dos vómitos), cáries dentárias, desidratação e desnutrição, desmaios, osteoporose, vómitos com sangue e, no limite, a morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário